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sexta-feira, 21 de março de 2014

Pentecostalismo à luz da Bíblia

RECONSIDERANDO A TRADIÇÃO PENTECOSTAL À LUZ DAS ESCRITURAS SAGRADAS

Uma comparação exegética do movimento moderno pentecostal com o modelo apostólico de Atos (grego transliterado)

 Prof. Moisés C. Bezerril

PARTE 1

A NATUREZA, O PROPÓSITO, E O SIGNIFICADO DE PENTECOSTES EM ATOS COMPARADOS COM O MOVIMENTO PENTECOSTAL MODERNO INTRODUÇÃO

A cultura evangélica brasileira pode ser considerada uma cultura dispensacionalista, arminiana e pentecostal. O movimento pentecostal iniciado no século XX e trazido para o Brasil em 1910 teve grande influência nas missões brasileiras, principalmente nos interiores dos estados brasileiros. Como o movimento era muito agressivo na evangelização e nas missões, muito cedo conseguiram influenciar grande parte da cultura brasileira. Nas cidades do interior, até os dias de hoje, a cultura pentecostal ainda permanece como uma suposta referência de verdadeira igreja para os desavisados. O movimento pentecostal carece muito de uma base sólida de exegese bíblica. Além do movimento pentecostal não possuir uma cultura teológica, eles também condenam o uso da letra. 

É muito comum, desde o início do movimento, usar-se o chavão “a letra mata”, para menosprezar o estudo teológico das Escrituras; por conta dessa visão para com o estudo das Escrituras, os trabalhos teológicos pentecostais para defender uma base bíblica do movimento têm se mostrado fracos na sua argumentação. Resistiria o movimento a uma análise séria das Escrituras? Alguém que defenda ou pratique o pentecostalismo o faz por que foi convencido pelas Escrituras? Normalmente, os defensores eruditos do movimento foram instruídos a partir da experiência individual, só depois é que se aventuraram em buscar base bíblica; essa é a razão pela qual o movimento pentecostal não possui cultura teológica, e boa parte do movimento ainda conta com o chavão “a letra mata”. 

O movimento pentecostal é corretamente referido neste trabalho como “a tradição pentecostal.” A aplicação desse termo ao movimento é devido à sua origem fora das Escrituras. Se a teologia pentecostal ainda carece de fundamentos bíblicos, ela permanece como uma tradição, e não como verdade escriturística. Os pentecostais fizeram opção pelas crenças pentecostais depois uma séria análise das Escrituras? Ou eles seguem uma tradição passada à quase um século, carecendo profundamente de respaldo escriturístico? Seria legítimo um conjunto de verdades que nasce a partir de uma fenomenologia humana, levando-se em conta a vunerabilidade e perversão dessa natureza? Seria suficiente afirmar que o que aconteceu no livro de Atos ainda repete-se hoje no movimento pentecostal moderno? Responder esta última pergunta é o propósito desse trabalho. 

A referência bíblica mais usada para fundamentar o movimento pentecostal moderno é, sem dúvida, o texto histórico de Atos 2, sobre o dia de pentecostes. É muito comum em nossas conversas com pentecostais ouvir deles que o modelo de Atos 2 se repete hoje em dia nos movimentos pentecostais. Muitas pessoas têm me perguntado se o pentecostes dessas igrejas de hoje corresponde exatamente ao pentecostes de Atos. A minha resposta é um categórico “não”. Se houver conflito entre o modelo pentecostal moderno e o modelo de Atos, eu prefiro considerar que o movimento moderno é falso, e o pentecostes de Atos verdadeiro. A pergunta que deve ser feita agora é se há de fato conflito entre o pentecostes moderno e o modelo apostólico. Para responder a esta pergunta precisamos analisar o modelo apostólico, compará-lo com o moderno e no final da análise conclusões serão feitas em cima de todos os dados. As principais características do pentecostes apostólico eram as seguintes: a) Era geograficamente histórico O pentecostes estava geográficamente prometido para acontecer em Jerusalém, e em nenhum outro lugar; mesmo que os eventos entre os samaritanos, na casa de Cornélio, e em Éfeso sejam citados como exemplo de continuidade do pentecostes, “a promessa” só foi prometida para Jerusalém, (Lc 24:49). Foi ordenado aos discípulos que “não se ausentassem de Jerusalém”. Nenhum dos apóstolos reconheceu ou denominou tais eventos posteriores como um segundo ou terceiro pentecostes. Isso porque a natureza teológica de cada evento similar ao pentecostes jerosolimitano (de jerusalém) era, em muitos aspectos, diferente. Jerusalém seria o local do último evento da história da redenção antes da volta de Cristo. Na promessa do Pentecostes, Lucas não enfatizava apenas o esperar, mas esperar em Jerusalém. Observe-se que os verbos perimenein (esperar, At 1:4) em Atos e kathisate (sentar-se, Lc 24:49), em Lucas, são as únicas condições relatadas na Escritura para o pentecostes; uma condição tão sem esforço e tão não-subjetiva quanto parece possível. A promessa de Cristo aos seus apóstolos não é “se permanecerdes em Jerusalém recebereis o Espírito”; ao contrário, em ordenando os discípulos permanecerem em Jerusalém, simplesmente promete o Espírito. A discriminação do local do acontecimento desprovida de qualquer condição espiritual dos discípulos é prova categórica que o pentecostes bíblico não estava disponível para qualquer pessoa em qualquer lugar; nem tampouco havia qualquer tipo de condição espiritual previamente estabelecida para acontecer. 

Ao compararmos com o pentecostes moderno percebemos que já a primeira diferença está no fato do pentecostalismo moderno não ser histórico, podendo seu pentecostes ocorrer em qualquer época e em qualquer lugar; bem como ser necessário preencher várias condições para acontecer (jejuns, vigílias, orações, abstinências, etc.). Não há qualquer visão histórica do evento, tornando-o manipulável e tão corriqueiro como fazer qualquer refeição diária. O penúltimo evento mais importante da história da redenção, segundo os pentecostais, acontece todos os dias entre eles, não importa quão diferente seja do pentecostes original. Isso é forte evidência que o pentecostalismo defende um pentecostes de natureza diferente do bíblico; a base do movimento pentecostal moderno não é bíblica. b) Tinha natureza de promessa Os eventos da descida do Espírito Santo em Atos 2, e seus pares em Atos 8, 10, e 19 são denominado de “dom”. A idéia de dom pode facilmente ser entendida pelo fato do Espírito Santo nunca ser pedido ou buscado pelos que o recebe; em todas as ocasiões em que as pessoas recebem no livro de Atos, ou foi promessa assegurada por Cristo (Atos 2), ou foi concedido pelos apóstolos. (Atos 8,10,19). 

O Espírito Santo em Atos sempre é referido com promessa ou dom; nunca é galgado ou obtido, sempre é uma dádiva. Logo no início do livro de Atos, Lucas refere-se ao Espírito Santo pelo nome que deverá ser entendido por todo o restante do livro de Atos, a promessa do Pai. É interessante notar também que os apóstolos não pedem ou buscam; o único episódio em que eles “oram” pelo batismo é o caso dos samaritanos. Ainda assim isso acontece em dois momentos separados, pois na hora dos samaritanos receberem o Espírito Santo, os apóstolos apenas impõem as mãos; nenhuma oração é feita pedindo. É possível que essa oração seja uma oração revelacional para saber se Deus faria um típico pentecostes samaritano entre eles. A palavra epanggelia, (promessa, Lc 24:49; Atos 1:4, 2:33), usada no contexto de pentecostes, é a palavra sinônima de “graça” que está em forte contraste com trabalho pou esforço em Rm 4:13, 14, 20; Gl 3:14. Epanggelia tem sua co-irmã a palavra dorea, (dom gratutito, At 2:38,39), usada por Pedro para descrever o Pentecostes. O emprego que Cristo e os apóstolos fizeram dessas palavras da graça tinha como objetivo repudiar toda mentalidade clássica farisaica de obter benefícios divinos por intermédio da lei. A exigência de esforços espirituais para ganhar dons era formalmente a religião judaica dos tempos apostólicos. A maior implicação teológica da lexicografia das palavras empregadas para a descrição de Pentecostes em Lucas e Atos é que a promessa do Pentecostes é um presente da parte de um Pai gracioso, com significado de presente gratuito, sem preço, custo ou condição. 

A promessa divina no Novo Testamento é sempre epanggelia, uma dádiva graciosamente outorgada, e não um penhor obtido através de negociações. O pentecostes apostólico não foi uma oportunidade, responsabilidade, ou privilégio dos crentes, e sim a promessa do Pai. O pentecostes, portanto vem em nome da promessa e não da lei; é tido como dom e não como desafio. Com isto podemos concluir que o Pentecostes não é humana, e sim divina. O pentecostes é a promessa do pai. O pentecostes moderno defendido pelo pentecostalismo não tem natureza de dom ou promessa como é o da Bíblia. Os pentecostais acham que a dádiva do Espírito Santo tem a ver com a lei (é alcançado pelo merecimento dos esforços), e não com a graça (dom, promessa). Essa é a principal razão por que eles têm uma mentalidade de obras tão forte quanto a lutar, buscar, trabalhar e merecer as dádivas divinas. Essa também é a principal razão por que o pentecostalismo só cresce no terreno arminiano. Isso implica também em que seria contradição de termos usar a expressão “reformados pentecostais”; é a mesma coisa de dizer “calvinista arminiano”. c) Era incondicional O texto de Lucas 24:49 apresenta a promessa do Pentecostes desprovida de qualquer outra condição para o Pentecostes, a não ser o de esperar. A mesma idéia condicional está em Atos 1, onde podemos encontrar apenas a ordem dada aos discípulos de não se ausentarem de Jerusalém. Estas duas ordens de Cristo encerram toda a questão sobre quais os pré-requisitos para acontecer o pentecostes: não há nenhuma condição. Como o Pentecostes está condicionado a uma promessa, seria incongruente atrelar condições, pois a promessa depende inteiramente de seu doador. Os discípulos não teriam que preencher nenhuma condição, apenas descansar na promessa. Nada há no texto de Atos, nem mesmo nas epístolas quanto a uma lista de condições espirituais para um possível pentecostes. 

Em Atos 1:4-5 temos a primeira proclamação do Pentecostes no livro de Atos. Se tivesse havido um desejo de gerar uma participação mais plena pelos apóstolos (ou pelos leitores futuros) em procurar o dom vindouro, poderíamos ter esperado um ensina com mais desafio, ou um convite com várias condições prévias. Sentar-se não é postura de heróis. O mandamento no sentido de permanecer poderia ter sido suplementado no registro de Lucas com instruções sobre como esperar, como melhor passar o tempo enquanto os discípulos esperavam, ou com a necessária obediência em orações e exercícios devocionais. Mas não temos relato disto; somente “esperar”, “permanecer”, “sentar-se”. (Bruner: 1986) Comparando com o modelo pentecostal moderno, os pentecostais criaram um pentecostes cheio de condições e pré-requisitos os quais nem eles mesmos são uníssonos em afirmar em que grau e quantidade essas condições devem funcionar. O fato é que os pentecostais modernos não conseguem ter um pentecostes incondicional como foi o Pentecoste do livro de Atos; ou seja o pentecostes moderno é sem promessa. Não havendo nenhuma promessa para o pentecostalismo moderno, eles se auto doutrinam com o ensino de que depende deles e de seus esforços alcançar a segunda bênção, e são obrigados a fabricar seu próprio pentecostes. d) Requeria postura passiva de seus recipientes Em atos 1:5 Jesus deixou bem claro que o agente do derramamento do Espírito Santo seria o próprio Deus. Todos os recipientes seriam passivos. A voz do verbo “batizar” é passiva, (baptisthesesthe, “sereis batizados”). O verbo na voz passiva indica que o batismo no Espírito Santo não será o resultado da atividade de quem o recebe; o sujeito do batismo espiritual não deve ser o recebedor e seu esforço, e sim, o prometedor e sua vontade. (Bruner: 1986). Essa mesma idéia da voz passiva é também encontrada na promessa mais antiga do Pentescostes que é Lucas 24:49, “até que do alto sejais revestidos (endusesthe) de poder”. Lucas apresenta a promessa do Espírito Santo não como uma conquista ou realização humana, mas sim como uma dádiva divina: que desce do alto. No verdadeiro pentecostes os crentes permaneceram passivos porque já sabiam o que estava para acontecer; eles aguardavam e descasavam na promessa que receberam. Já ouvi o argumento de pessoas que me disseram que os crentes no dia de pentecostes estavam reunidos em oração. É interessante notar que nem mesmo essa possibilidade pode ser obtida a partir do texto bíblico pelos seguintes motivos: 1) ninguém sabia em que hora o Pentecostes aconteceria, impedindo-os de uma reunião de oração específica; 2) eles só receberam a ordem de permanecer em Jerusalém, nada mais; 3) quando o Pentecostes se cumpriu estavam todos “assentados”, e assentar-se não é postura de herói, ( At 2:2). O mesmo não poderíamos dizer do pentecostes moderno, tendo em vista que os pentecostais modernos não receberam nenhuma promessa, e por isso se tornam tão ativos na hora de receber a “bênção” pentecostal moderna. Todo pentecostal é treinado a buscar fervorosamente e a fazer alguma coisa para receber a segunda bênção. Eles sempre estão orando, gritando, pulando, ou enrolando a língua; conheço um caso em que uma jovem arrancou cabelos de sua própria cabeça. Alguns tipos de estímulos são ensinados como empostação da voz, choro, risos, gritos repetidos de uma palavra monossilábica. Todo pentecostal é treinado em buscar e adquirir a “benção” pentecostal por meio de grandes esforços. São ensinados em variados métodos pelos quais eles se tornam pessoas ativamente lutadoras para receber o pentecostes moderno. Se o movimento moderno pentecostal fosse verdadeiro, eles certamente estariam descansando em uma promessa. Como não há promessa, eles se tornam ativos, diferentemente da igreja primitiva. e) Era cronologicamente histórico 

A promessa do Pai não tinha apenas um local certo para se cumprir, mas um tempo certo também. As palavras “não muito depois destes dias” significavam “muito em breve.” É notável quão grande é o erro daqueles que querem comparar o movimento moderno com o Pentecostes primitivo. A promessa de Atos deixava certo o local e a data do acontecimento. Pentecostes não datado, adiado ou antecipado por causa de orações dos recipientes. Já ouvi argumentos de que possivelmente os crentes de Atos estavam orando no dia de Pentecostes, mas isso é conjectura. O pentecostes tinha data certa, e todo mundo sabia que não era para pedir aquilo que já estava prometido. Diferentemente do Pentecostes primitivo, quem determina a data de seus pentecostes são eles mesmos. Grandes concentrações são marcadas, e é prometido cumprir-se ali o mesmo de Atos 2; no entanto ninguém tem certeza se as coisas vão acontecer, pois a eles não foi dado data nenhuma. Tudo não passa de presunção de seus líderes místicos, que em nome de Deus, pretenciosamente afirmam receber revelações, as quais só estão sujeitas ao julgamento deles mesmos. O pentecostes moderno tem data marcada pelo próprio recebedor; o Pentecostes de Atos era um ato gracioso da soberania de Deus, no qual só ele mesmo tinha participação ativa. f) Indicativamente certo É fundamental perceber que a promessa do batismo com o Espírito Santo não se encontra no modo verbal subjuntivo, “podereis ser batizados com o Espírito Santo”, e sim no indicativo, (baptisthesesthe), “sereis batizados com o Espírito Santo”. O modo indicativo não impõe ou estabelece quaisquer obrigações ou exigências sobre os apóstolos, nem sugere incerteza sobre o recebimento da promessa. Se o subjuntivo tivesse sido usado, ninguém teria certeza se receberia ou não o batismo com o Espírito Santo até que cumprissem cabalmente as condições prévias para receberem a bênção. Com o uso do indicativo é certo que a promessa não dependeria das condições dos discípulos. 

No pentecostalismo moderno qualquer referência ao batismo com o Espírito Santo é sempre no subjuntivo. Os pentecostais são ensinados que “eles poderão receber a segunda bênção”, se preencherem as condições estabelecidas. São instruídos a se dedicarem ao jejum, à oração, e a uma busca incessante; neste projeto da busca incessante até treinamentos de como receber o batismo ou falar em línguas será bem vindo para eles. O ensino característico do movimento pentecostal é o incentivo da busca e a incerteza da segunda bênção. Esse ensino é completamente estranho aos escritores do Novo Testamento, levando-se em conta que nenhum apóstolo buscou o Batismo com o Espírito Santo, nem ensinou por meio de suas epístolas que os crentes deveriam buscá-lo. Portanto, o ensino da promessa condicional não passa de tradição pentecostal sem nenhum embasamento nas Escrituras Sagradas. g) Uma promessa inclusiva Se a promessa tivesse sido feita no subjuntivo, apenas alguns discípulos teriam sido batizados com o Espírito Santo. É evidente que o subjuntivo já prevê que nem todos terão as mesmas condições espirituais para receber a promessa. É importante lembrar que Jesus não disse “alguns de vós receberão, ou poderão receber”, afirmando assim que somente os que estavam preparados para a promessa a receberiam. Se Cristo tivesse afirmado tais palavras, ele estaria concordando com o ensino pentecostal moderno de que o indivíduo tem que se esvaziar para ser cheio do Espírito. Se o Senhor tivesse usado a palavra “alguns”, faria da promessa algo condicional. Na verdade Cristo afirmou que todos receberiam a promessa do Pai porque não dependeria deles. Como no movimento pentecostal o batismo com o Espírito Santo não é uma promessa inclusiva como foi no livro de Atos, ninguém terá a certeza de que todos receberão a bênção. Isto indica claramente que concernente ao batismo com o Espírito Santo cada pentecostal responde por si, o que diverge significativamente da natureza do pentecostes de Atos. No dia de pentecostes nenhum discípulo ficou de fora da promessa. Isso, dramaticamente não é o que ocorre com os pentecostais do nosso tempo. Na verdade, o sentido de boa parte da vida de um pentecostal é lutar para ser batizado com o Espírito Santo, pois nem todos se consideram batizados. Isso é prova clara que o movimento pentecostal moderno não desfruta da mesma bênção que os primeiros discípulos experimentaram nos dias apostólicos. A promessa do batismo com o Espírito Santo em Pentecostes é inclusiva para fracos e fortes, enquanto que a “bênção” pentecostal moderna é exclusiva para os mais aptos. h) Origina-se do alto, e não de baixo A origem de uma promessa que não depende de quem a recebe, é, certamente, de fonte externa ao recipiente. Em Atos 1:8 Jesus promete o Espírito que desceria sobre vós (epi), e não viria de vós (ek). Aqui claramente Jesus aponta para o soberano e gracioso doador, e desvia a atenção dos recebedores. O batismo com o Espírito Santo tem sua origem do alto (epi), e não de dentro (ek) dos discípulos. Com o uso dessas preposições podemos dizer que o Espírito não surge de dentro da vida emocional ou espiritual do recebedor, não depende dos estados interiores das pessoas, nem lhe é sujeito. 

A grande diferença do pentecostes de Atos para o pentecostalismo moderno é que os pentecostais do nosso tempo entendem a batismo com o Espírito Santo como uma conquista, e não como uma promessa. Enquanto a doutrina do Espírito Santo no Novo Testamento está relacionada diretamente às palavras “dom” e “promessa”, no movimento pentecostal moderno essa doutrina tem a ver com as palavras “condições” e “esforços”. Com base nessas idéias acerca do Espírito Santo, qualquer pentecostal tem do que se gloriar; eles mesmos se consideram mais espirituais porque lutaram e conseguiram o “dom” enquanto os outros não. Isto prova que o batismo com o Espírito Santo pentecostal moderno tem sua origem no próprio homem, enquanto o batismo de Atos tem origem em Deus. Os próprios pentecostais são fábricas de batismo com Espírito Santo; até ensinam com fazer para obter. Esse ensino não pertence aos escritos do Novo Testamento, mas às religiões pagãs que adotam a doutrina de manipular seus deuses para realizarem seus desejos.


CONCLUSÃO

 Podemos concluir que a doutrina do batismo com o Espírito Santo dos pentecostais modernos nada tem a ver com o ensino de Jesus e de seus apóstolos. Os pentecostais não possuem a promessa como Cristo deu aos seus primeiros discípulos. Assim sendo, a história do movimento pentecostal segue caminho diferente do caminho apostólico. Se durante quase um século Deus não visitou os pentecostais como visitou seus discípulos em Jerusalém, consequentemente os recipientes modernos entraram por outro caminho em busca daquela bênção primitiva. Enquanto o batismo com o Espírito Santo foi uma promessa com hora e local determinados por Deus, incondicional, passiva, certa, inclusiva, e divina para os cristãos primitivos, para os pentecostais é uma conquista incerta, condicionada aos privilégios de alguns, galardoadora aos ativos, incertos para todos e exclusivo para alguns poucos que conseguem preencher requisitos que eles mesmos traçam, e tendo sua origem nas obras humanas. Considerando tudo isso, podemos afirmar que o movimento pentecostal moderno não tem sua origem e sua natureza em Deus, mas no próprio homem.


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